Rafael Cambra

Temos sido testemunhas privilegiadas do crescimento deste grande enólogo. Desde o início da Bodeboca que apostámos nele e o tempo veio dar-nos razão. [break]

Começou como Rafa e tornou-se Don Rafael, um dos mais importantes elaboradores valencianos (medalhista, com certeza). Ano após ano tem vindo a fazer melhores vinhos e hoje em dia está no seu melhor. Basta ver as pontuações que recebeu do homem de Parker em Espanha e Portugal, Luis Gutiérrez. 

Este referente levantino demonstrou amplamente que o bom vinho não tem de ser sempre caro, que é possível elaborar vinhos de autor, contar a história de um povo e valorizar a terra e as castas autóctones. E, além disso, proteger as pessoas que estão por trás do trabalho sem tornar essas garrafas proibitivamente caras para o comum dos mortais.

O que Cambra faz, para além de nos dar momentos de alegria e de gozo sensorial, é atribuir um valor absoluto ao continente de onde tudo surgiu: a terra, o clima e as pessoas que lá habitam. Escolheu o vinho para falar das suas gentes e para cuidar do que é seu, e os aficionados estão a recompensá-lo sobejamente. Na zona de Terres dels Alforins, está a elaborar alguns dos melhores vinhos do arco mediterrânico. E fá-lo a partir destas terras do interior a que alguns chamam a Toscana valenciana (parece que temos sempre de nos comparar com os outros quando fazemos algo de bom, nunca nos entregamos à originalidade). Vinhos puros, sem artifícios, onde variedades locais como a Forcallat, a Arco ou a Rojal, acompanhadas por outras estrangeiras, estão a dar origem a rótulos que estão muito perto de se tornarem míticos. 

Bons tintos, grandes pontuações Parker e preços para todos. O único inconveniente, se assim posso dizer, é que o Casa Sosegada está a poucos minutos de esgotar a sua magnífica colheita de 2021. Se quiser desfrutar dela, terá de se apressar.